sexta-feira, 9 de julho de 2010

Entrevista com Alexander Skarsgard na revista sueca "Situation" Parte II

Continuação...

Na sua última visita a Estocolmo em maio, Alexander e Kate Bosworth, estavam em toda imprensa. Todo dia eles eram seguidos pelos paparazzi.

AS: Eu sempre tive orgulho sobre o fato do povo na Suécia viver junto com as celebridades, que você pode sair e tomar um drink com seus amigos sem ser perseguido por fotógrafos. Amigos em LA não acreditam em mim quando eu falo pra eles que não existem paparazzi na Suécia. E aí eu vou pra casa de férias pra visitar minha família que eu não via há 6 meses e fui perseguido. São os tablóides - Expressen, Aftonbladet and Se&Hör - que mandam reporters para perseguir. Foi absurdo. Minha mãe me ligou de Gotland (Ilha Sueca) no domingo a noite naquela semana e disse: " Eu sei exatamente o que você vem fazendo todo o fim de semana, com quem você foi visto, que bares você foi, que horas você pegou um taxi e da onde você pegou".

Não te deixa frustado a ponto de querer bater neles no estilo Sean Penn?

AS: Não, não existem paparazzi profissionais na Suécia. Eu entendo que essas pessoas foram mandadas para fazer seu trabalho. Quando eu sentei num restaurante jantando e bebendo com meus amigos as 23 horas, havia um reporter do Expressen que veio e queria uma entrevista lá mesmo e aquela hora. Me chame de antiquado, mas eu gosto do jeito que era, quando os jornalistas ligavam e marcavam um horário para entrevista. Outro cara nos seguiu 24 horas por dia, ele anotava quando nós deixávamos o apartamento e quando nós voltávamos. Depois de 3 dias quando ele ainda estava lá, eu fui até ele e disse: " Eu acho que é o suficiente". Ele foi legal e nos deixou em paz. Eu não me importo com eles como indivíduos, mas é frustrante não poder passar tempo com sua família sem ter uma câmera metida na sua cara.

Não é um pouco paradoxo que você está no clipe da Lady Gaga Paparazzi?

AS: De modo nenhum. Paparazzi é sobre a mídia hoje em dia e as formas dos jornalistas e fotógrafos, bem como as próprias celebridades.

La Times recentemente te descreveu como um anti-hollywood por você não ter um ego enorme e uma grande equipe.

AS: Eu sou bem Sueco. Tem muita gente aqui pensando que se você tem uma grande equipe isso é o sinal que você conseguiu. Eles aparecem para uma sessão de fotos com uma equipe de 20 pessoas. Estilistas, publicitários, etc. Nessas situações eu me sinto como a J.Lo e não sou só eu. Não é só para manter uma certa imagem que você aparece sozinho, é porque isso é o que faz me sentir bem comigo mesmo e eu gosto de conversar com o fotógrafo sobre o que estamos fazendo ao invés de deixar 25 pessoas falarem por mim.

Você e o Joel Kinnaman já começaram um clube sueco em Hollywood?

AS: Não. Joel é um bom amigo. Mas nos últimos 6 meses eu estava ocupado gravando a terceira temporada de True Blood. Joel vem filmando um piloto em Vancouver, então não é nada como em Entourage, nada como nós sendo um grande grupo de suecos saindo juntos. Mas é claro, nós mantemos contato e nos encontramos quando podemos.

Alexander se mudou muito nos últimos anos, mas agora ele está começando a chamar LA de sua casa.

AS: Precisei de uns anos pra perceber que esta é minha casa. Já tinha passado tempo aqui antes, mas sempre segui em frente. Agora que estamos filmando True Blood em LA, estou aqui seis, sete meses do ano. Depois disso quando eu tenho um tempo entre as temporadas eu volto para casa na Suécia para visitar minha família e amigos ou filmar Puss ou ir para Shreveport para filmar Straw Dogs. Eu moro em LA agora, mas toda vez que eu piso no chão de Estocolmo eu posso sentir que é minha verdadeira casa. É onde eu tenho minhas raízes, minha família e meus amigos antigos.

LA vai continuar sendo sua casa no futuro próximo?

AS: Eu não sei. Eu gosto daqui, mas é realmente difícil responder. O estilo de vida é muito diferente de onde eu venho em Söder. Tudo é espalhado e maior. Você tem que entrar num carro e dirigir pra todo lugar. Quando você vive a dois blocos de distância você experimenta um tipo diferente de união. Em casa eu encontro meus amigos sempre que estou na rua andando e você tem encontros mais espontâneos, você se encontra para tomar um café. Isso não é como as coisas são em LA. A cidade é do tamanho de Sörmland. Mas enquanto eu estiver em True Blood e estiver filmando aqui, é onde eu vou ter minha base.

Existe um outro lado de Los Angeles: 80.000 sem-tetos, gangues e guerras de raciais, imigrantes ilegais, pobreza e criminalidade.

AS: Sim. LA é muito segregada. Tudo é espalhado. Pessoas vivem em pequenas bolhas isoladas, mais ou menos. Se você visitar alguns lugares no centro da cidade, é como em um filme de zumbis. As ruas são todas desertas, com exceção do carrinho estranho que desce a rua lentamente. Os contrastes da cidade são assustadores. A segregação é um problema enorme.

Você esteve em duas séries bem sucedidas na TV. É o próximo passo para começar a fazer bons filmes?

AS: Verei isso. Eu sou atraído por roteiros interessantes. É totalmente irrelevante se é TV ou filmes.

É dificil ter os horários das filmagens de True Blood e bons filmes para trabalhar?

AS: Não, eu filmo True Blood por seis ou sete meses do ano. O resto do ano estou livre pra fazer o que eu quiser.

Alexander estava lutando em LA por 3 anos até conseguir o grande papel do sargento Iceman na aclamada pela crítica Generation Kill.

AS: Eu cheguei aqui na primavera de 2004 e não foi até o outono de 2007 quando eu consegui meu primeiro trabalho maior com aquela série. Os primeiros 3 anos eu não estava ganhando dinheiro nenhum e eu não trabalhava. Nós éramos um grupo de amigos que tinha que lutar pra sobreviver. Eu fui a reuniões, li roteiros, tentei entrar no negócio indo em audições. Foi dificil demais. Por um longo tempo eu não tinha nada a não ser roteiros ruins e eu pensei "o que é a razão de tudo isso?" Mas de tempos em tempos chegava um bom roteiro e pegava minha atenção e isso era suficiente para me motivar a continuar lutando.
Foi dificil porque os diretores de elenco que você conhece provavelmente já conheceram mil atores pra um papel. E as vezes depois que eu tinha voltado pela segunda vez e terceira vez e chegava perto do papel, isso já me motivava a ficar um pouco mais. Era uma meta orientada me manter confiante em um nível alto. Eu tive o sentimento que cedo ou tarde alguma coisa ia aparecer com meu nome escrito e eu ia ganhar o papel.

Você já considerou desistir?

AS: Não na verdade. Eu nunca tive muito a perder ficando. A situação não era que eu tinha ofertas de grandes partes na Suécia e que eu estava perdendo alguma coisa. Toda vez que eu estava à beira de desistir e voltar pra casa e lia roteiros que estava recebendo da Suécia, eu pensava comigo mesmo " não, não vale a pena voltar pra casa por isso".

Você já ganhou alguma coisa de graça por causa do seu nome?

AS: Não. Ninguém em seu perfeito juízo iria me contratar só porque meu nome é Skarsgard. Não é como funciona. Meu pai não é tão estabelecido assim aqui. Quero dizer, pessoas sabem quem ele é, mas ele não é realmente uma estrela de cinema. Eles não podem financiar um filme inteiro só porque é estrelado por Stellan Skarsgård e não há maneira nenhuma que alguém poderia financiar um filme porque o completamente desconhecido filho de Stellan está estrelando. O nome não me fez nada mais fácil de jeito nenhum. Era só pra mim pra pegar um número, entrar na fila e esperar minha vez na audição.

Iceman realmente parecia americano. E ainda mais ele falava como americano. Você trabalhou com um treinador de voz?

AS: Sim. Era inevitável que eu não ia fugir com um sotaque, porque o cara realmente existe na vida real e é de San Diego. Nós filmamos por sete meses na África e eu tive um treinador de dialeto pra me ajudar com um monte de coisas.

Como foi ficar na Namibia por tanto tempo?

AS: Uma experiência fantástica. Mentalmente foi a coisa mais dificil que eu já fiz. Nós estávamos isolados no deserto sem família e amigos. Nós filmamos por 6 dias da semana então durante as folgas eu simplesmente dormia ou trabalhava nas cenas seguintes com meu treinador de dialetos. Foi extremamente intenso sem nenhuma vida social. Por sete meses eu estava ou no set ou na cama. Mas ao mesmo tempo o que fez disso mágico foi que quem escreveu o roteiro era tão brilhante. David Simon e Ed Burns que escreveram o roteiro também fizeram The Wire, que eu amo. Depois de ser um ator na luta em LA por 3 anos foi inspirador conseguir uma oportunidade de trabalhar com pessoas que eu admiro.

True Blood, uma série de TV sobre vampiros modernos tem um conceito estranho. Porque é um sucesso?

AS: Eu mesmo estava incerto quando me ofereceram o papel de ser um Vampiro Viking. Mas quando eu escutei que seria Allan Ball, que fez Six Feet Under e American Beauty, eu fiquei muito interessado. E quando nós finalmente nos conhecemos e ele me falou sobre as ideias dele eu pensei que soou fantástico. A série é acima da média, com uma contorção e completamente insana com elementos que são engraçados e excitante. é extremamente gráfico. Mas Allan Ball e outros escritores tem o talento de encontrar um equilíbrio para que tudo faça sentido. É sobre nossa sociedade hoje em dia, começa em como você pode ver paralelismos em eventos atuais. A fantasia se baseia na realidade.

A estrutura de True Blood é muito parecida como em Twin Peaks de David Lynch.

AS: Se você pensa assim tudo que posso dizer é obrigada!

A versão original de Sam Peckinpah de Straw Dogs foi acusada de ser excessivamente violenta quando foi lançada. Esse re-make é tão violento quanto?

AS: Sim, vai ser violento, mas ao mesmo tempo diferente da versão de Pechinpah. Rob Lurie reescreveu o roteiro inteiro.

Você também vai estar na produção internacional de "Moomin".

AS: Sim, e isso foi um pouco inesperado. Eles ligaram e eu tive o sentimento de quando eu era criança uma produção finlandesa polonesa feita nos anos 70 em tecnologia 3D onde você coloca janelas de vidro e desenha os personagens antes da filmagem para criar profundidade. Eles refizeram isso com a técnica moderna mas o sentimento de tudo isso continua sendo retro. E quando eles me falaram que Max von Sydow estava indo pra nos contar a história eu pensei " bem, é isso. Não tem como eu recusar isso."

Como você escolhe seus papéis?

AS: Um roteiro que tem algo que me provoca. E a base de tudo é sempre quem escreve o roteiro e está fazendo o filme, então wu posso entender a visão da história que o diretor quer contar. Tem que ter algo que provoque minha criatividade e é inspirador ao mesmo tempo. Com Moomin foi a combinação das memórias de quando que era criança e a oportunidade de trabalhar com a lenda Max von Sydow. Se é bom o suficiente para Max, é bom o suficiente para mim.

Você está assinado para outros filmes no futuro?

AS: Se tudo acontecer da maneira planejada eu estarei filmando Melancholia com Lars von Trier em casa na Suécia este verão (estrelando com Keifer Sutherland, Kirsten Dunst, John Hurt, Udo Kier and Stellan). Depois disso eu ainda não tenho certeza do que vou fazer.

Quando eu entrevistei seu pai ele disse que uma razão dele ter tantos filhos era que "você tem que bater seu pai em alguma coisa". Hoje você tem mais sucessos e mais popularidade na Google e IMdB, mais sites de fã e assim por diante. Tudo isso é a sua maneira de bater seu pai?

AS: Minha única meta tem sido de ser mais alto que meu pai. E eu sou. Em relação a carreira, eu nunca senti a necessidade de competir com ele. Eu amo meu pai e se ele está feliz com seu trabalho, eu também estou.


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